Volta e meia, lemos em algum veículo de comunicação que um determinado artista passou a utilizar, em seus trabalhos, elementos descartáveis de uso cotidiano que pertenciam a outras pessoas. O lixo, além de fonte de renda de milhares de empobrecidos no mundo inteiro, passou a fazer parte também dos apurados gostos estéticos que dominaram o mercado da arte no século XX.Uma parcela considerável desses artistas, faz uma defesa ecológica de seu ato criativo partindo de um viés muito simples: Ao utilizar um produto que rolava pelas ruas em minhas obras estou contribuindo para que ele não polua o meio ambiente e ainda por cima evito que outra peça de minha autoria seja feita com novos materiais extraídos de um ecossistema qualquer. Somente por isso seu gesto seria louvável. Como na fábula do beija-flor, ele também está fazendo a sua parte.
Cadeira Thonet para crianças.
No entanto, o assunto sobre o qual desejo discorrer neste pequeno artigo, vai um pouco além da relação homem-meio com o objetivo de preservação da vida de ambos. Podemos dizer, sem medo de cometer erros, que em nenhum momento de nossa história a sociedade produziu formas tão interessantes para que sejam descartadas logo após o uso do produto conteúdo ou da própria peça quando ela deixa de servir e atender aos fins para os quais a mesma foi concebida. A razão dessa beleza que enche as ruas, está no desenho dos objetos, já que a quase totalidade dos produtos industrializados do século vinte passou por alguma forma de projeto antes de sua modelação. Coisas simples como uma garrafinha de refrigerante exigiram esforços para que o seu desenho contribuísse para o aumento dos lucros de uma determinada marca. O que hoje vai para o lixo é parte dessa elaboração e, por sua beleza, adaptar-se-á, sem muita dificuldade, a outra obra de natureza decorativa ou utilitária.Vejamos, em fotos, algumas dessas preciosidades.
Cadeira Marcel Breuer, o princípio dos tubos dobrados.
As maravilhosas garrafas de Coca-Cola, vários desenhos e contribuições.
A italiana Olivetti Lettera, um luxo para a época.
Se você ainda tem alguma dessas belezuras em casa conte a sua história, comente e compartilhe!
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