Quando a arte deixou de ser mero
objeto decorativo ou um instrumento educativo a serviço da igreja e dos reis
para fazer a festa da sociedade de consumo, ainda no século XIX, os artistas já
desconfiavam que o conceito de arte se expandia para além das telas de pano ou
papel e intuíam que o futuro da arte
distanciava-se cada vez mais dos lápis, goivas e pincéis. Hoje são tantas as
modalidades que não usam elementos tradicionais de transporte que, ao entrar
nos museus, temos sempre a impressão de que aquele extintor de incêndio
pendurado na parede seja, também, uma obra de arte.
Percebemos esses movimentos, com
mais freqüência, em fins dos 1900, mas os principais expoentes desse tipo de arte
“incomodativa” serão mais notados nos primeiros anos do século XX quando Marcel
Duchamp decreta, pelo menos para ele mesmo e seus fiéis seguidores, o fim da
arte de atelier tratada com os cuidados da academia que teve seu apogeu no
renascimento italiano. Para Duchamp, a arte estava também nos objetos
produzidos para fins utilitários e, o que tornava esse objeto algo digno de ser
visto como uma verdadeira obra de arte eram as linhas interessantes do próprio
objeto. Dessa maneira, qualquer artefato mesmo industrializado, poderia ser
considerado um objeto de arte se beleza tivesse para o título requintado. Uma
roda de bicicleta, um vaso sanitário, um urinol, uma esfera de metal ou
qualquer outro que despertasse a atenção do público pela beleza de suas formas
poderia, segundo Duchamp e dadaístas empolgados, ser considerado um objeto de
arte. Nós do @casacustozero e da Oficina Madeira de Rua, também pensamos assim.
Neste aspecto o século XX foi
prodigioso. Nunca se produziu tantos objetos interessantes. São tantos que
vários museus mundo afora se dedicam a reunir exemplares da produção industrial
que conta a história do desenho no século XX. Neste particular a Itália abusou
das práticas do bom desenho valendo-se da verve criativa de seu povo. Da ponta
dos lápis de seus desenhistas surgiram os melhores trabalhos para os mais
interessantes objetos. A Itália é possivelmente o país que mais reúne patentes
protetoras das formas produzidas por seus criativos desenhistas. Na sequência alguns
objetos que encontramos pelas ruas e que, certamente, encheriam de encanto os
olhos de Duchamp. Mais discussões sobre o tema ver em: eugenio-cincodejunho.blogspot.com.br/estetica-do-descartavel
Objeto1. Quase pássaro: pingo de polietileno
Objeto 2. Pinos: formas de resina descartadas
Objeto 3. Nuvem: pingos de polietileno
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