quinta-feira, 23 de junho de 2016

OBJETOS ENCONTRADOS/ A ARTE PERDIDA NAS RUAS




Quando a arte deixou de ser mero objeto decorativo ou um instrumento educativo a serviço da igreja e dos reis para fazer a festa da sociedade de consumo, ainda no século XIX, os artistas já desconfiavam que o conceito de arte se expandia para além das telas de pano ou papel e  intuíam que o futuro da arte distanciava-se cada vez mais dos lápis, goivas e pincéis. Hoje são tantas as modalidades que não usam elementos tradicionais de transporte que, ao entrar nos museus, temos sempre a impressão de que aquele extintor de incêndio pendurado na parede seja, também, uma obra de arte.

Percebemos esses movimentos, com mais freqüência, em fins dos 1900, mas os principais expoentes desse tipo de arte “incomodativa” serão mais notados nos primeiros anos do século XX quando Marcel Duchamp decreta, pelo menos para ele mesmo e seus fiéis seguidores, o fim da arte de atelier tratada com os cuidados da academia que teve seu apogeu no renascimento italiano. Para Duchamp, a arte estava também nos objetos produzidos para fins utilitários e, o que tornava esse objeto algo digno de ser visto como uma verdadeira obra de arte eram as linhas interessantes do próprio objeto. Dessa maneira, qualquer artefato mesmo industrializado, poderia ser considerado um objeto de arte se beleza tivesse para o título requintado. Uma roda de bicicleta, um vaso sanitário, um urinol, uma esfera de metal ou qualquer outro que despertasse a atenção do público pela beleza de suas formas poderia, segundo Duchamp e dadaístas empolgados, ser considerado um objeto de arte. Nós do @casacustozero e da Oficina Madeira de Rua, também pensamos assim.

Neste aspecto o século XX foi prodigioso. Nunca se produziu tantos objetos interessantes. São tantos que vários museus mundo afora se dedicam a reunir exemplares da produção industrial que conta a história do desenho no século XX. Neste particular a Itália abusou das práticas do bom desenho valendo-se da verve criativa de seu povo. Da ponta dos lápis de seus desenhistas surgiram os melhores trabalhos para os mais interessantes objetos. A Itália é possivelmente o país que mais reúne patentes protetoras das formas produzidas por seus criativos desenhistas. Na sequência alguns objetos que encontramos pelas ruas e que, certamente, encheriam de encanto os olhos de Duchamp. Mais discussões sobre o tema ver em: eugenio-cincodejunho.blogspot.com.br/estetica-do-descartavel




Objeto1. Quase pássaro: pingo de polietileno




Objeto 2. Pinos: formas de resina descartadas



Objeto 3. Nuvem: pingos de polietileno


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