domingo, 24 de julho de 2016

MESAS DE CENTRO COM VELHOS PALETES





Assim eram os primeiros paletes.


No princípio os paletes não eram feitos com a rapidez que requer a contemporaneidade. Eles eram fabricados com todo a calma do mundo e em sua confecção era utilizada madeira de lei e de qualidade para que o suporte tivesse uma vida longa. Toda a parte de madeira era tratada e os pés eram de ferro virado, pintado com tinta antiferruginosa. Quando recolhi os primeiros exemplares jogados nas ruas eles eram assim muito parecidos com rústicas mesas de centro e da forma em que eles chegaram, há mais de 20 anos em minha casa, passei a utilizá-los. Em seguida, com uma velocidade espantosa, eles foram se transformando, de forma que não se pode mais falar simplesmente em paletes de madeira. Já existem paletes de plástico, madeira prensada, ferro, papelão e muitos outros materiais. Hoje os paletes são construídos de acordo com o produto que ele deverá suportar para chegar com segurança aos assoalhos dos caminhões. Alguns produtos já vêm com embalagens/paletes agregadas como as caixas em que são colocadas pés de madeira ou de matéria plástica. De comum a todos os modelos, a forma que se parece com razoáveis mesas de centro. Para pessoas, como nós, que não gostam de contribuir para o corte de árvores, utilizar esses materiais, como mesa de centro, é uma interessante forma de demonstrar a nossa preocupação com o desmatamento que pode transformar o Brasil, em uma Europa replantada com a questionável cultura do pinus . Nas fotos abaixo, alguns exemplares de paletes, já transformados em mesas de centro.



Palete de Peroba: década de 1970


Palete de imbuia com pés de ferro: década de 1970.




Pequeno palete de pinus.


Palete de maçaranduba de pequena dimensão.



Palete tratado já em uso como mesa de centro.


Gostou do texto e das fotos? Comente e compartilhe!

VEJA TAMBÉM:

sábado, 23 de julho de 2016

A MADEIRA COZIDA E O DELIVERY DE CADEIRAS





É POSSÍVEL QUE, EM 1850, QUANDO MICHAEL THONET começou a pensar em uma forma de vender cadeiras pelo correio, as pessoas que trabalhavam com ele no atelier familiar de Viena não acreditassem que aquele projeto pudesse ir adiante. Thonet, depois de várias experiências com a madeira cozida em rudimentares caldeiras que mais se pareciam com grandes panelas, conseguia chegar a um dos mais interessantes produtos do mobiliário mundial e há mais de 150 anos começava a fazer o que faz, em tempos de internet, a indústria mundial. A cadeira de Thonet foi criada para ser entregue pelos correios do mundo e desta forma chegou, até 1930, a vender cerca de 50 milhões de exemplares de seu mais interessante produto a CADEIRA N14. As cadeiras seguiam desmontadas e os compradores, quando as recebiam, somente tinham o trabalho de aparafusá-las de acordo com um manual em anexo. Atualmente sua fórmula esta espalhada por todos os continentes. No Brasil, os produtos são distribuídos por uma indústria da região sul, chamada THONART.

Hoje não se pode mais dizer que amolecer a madeira para com ela fazer peças curvas e circulares seja mais novidade, mas as pesquisas de Michael Thonet em seu espaço tempo certamente contribuíram para que outras pessoas despertassem para o desenvolvimento da interessante proposta. A cadeira é bela em sua essência e isto faz com que guardemos alguns exemplares que encontramos pelas ruas, algumas delas pensadas para as refeições das crianças e que hoje ainda são vistas pelos bares das cidades, como uma interessante maneira de deixar as crianças mais livres nas mesas enquanto os pais estão a degustar o seu prato preferido. Vamos às fotos.



A cadeira 14 e seu esquema de montagem para viagem.




Uma peça para bar (possivelmente brasileira) que encontramos pelas ruas.









Gostou do texto e das imagens?
Compartilhe com os amigos e deixe seu comentário!

terça-feira, 19 de julho de 2016

A BELEZA DO DESENHO INDUSTRIAL DO SEC XX



 


















Volta e meia, lemos em algum veículo de comunicação que um determinado artista passou a utilizar, em seus trabalhos, elementos descartáveis de uso cotidiano que pertenciam a outras pessoas. O lixo, além de fonte de renda de milhares de empobrecidos no mundo inteiro, passou a fazer parte também dos apurados gostos estéticos que dominaram o mercado da arte no século XX.Uma parcela considerável desses artistas, faz uma defesa ecológica de seu ato criativo partindo de um viés muito simples: Ao utilizar um produto que rolava pelas ruas em minhas obras estou contribuindo para que ele não polua o meio ambiente e ainda por cima evito que outra peça de minha autoria seja feita com novos materiais extraídos de um ecossistema qualquer. Somente por isso seu gesto seria louvável. Como na fábula do beija-flor, ele também está fazendo a sua parte.




Cadeira Thonet para crianças.


No entanto, o assunto sobre o qual desejo discorrer neste pequeno artigo, vai um pouco além da relação homem-meio com o objetivo de preservação da vida de ambos. Podemos dizer, sem medo de cometer erros, que em nenhum momento de nossa história a sociedade produziu formas tão interessantes para que sejam descartadas logo após o uso do produto conteúdo ou da própria peça quando ela deixa de servir e atender aos fins para os quais a mesma foi concebida. A razão dessa beleza que enche as ruas, está no desenho dos objetos, já que a quase totalidade dos produtos industrializados do século vinte passou por alguma forma de projeto antes de sua modelação. Coisas simples como uma garrafinha de refrigerante exigiram esforços para que o seu desenho contribuísse para o aumento dos lucros de uma determinada marca. O que hoje vai para o lixo é parte dessa elaboração e, por sua beleza, adaptar-se-á, sem muita dificuldade, a outra obra de natureza decorativa ou utilitária.Vejamos, em fotos, algumas dessas preciosidades.



Cadeira Marcel Breuer, o princípio dos tubos dobrados.



As maravilhosas garrafas de Coca-Cola, vários desenhos e contribuições.


A italiana Olivetti Lettera, um luxo para a época.

Se você ainda tem alguma dessas belezuras em casa conte a sua história, comente e compartilhe!


Veja o complemento deste artigo em:
eugeniocincodejunho.blogspot.com.br/estetica-do-descartavel

sábado, 16 de julho de 2016

SUPORTES DE PINUS E TRONCOS PARA JARDINS





Como já frisamos em textos anteriores, o pinus não é a melhor madeira para ficar em contato com a água. No entanto, um pouco de paciência ou um razoável tratamento com tintas e vernizes pode torná-lo mais resistente para  uso nos jardins, funcionando como suportes para plantas. De certa feita, um amigo nos procurou para que fizéssemos umas caixas para os conhecidos jardins verticais que podem ser gigantescos ou pequenos como uma caixa de sapatos. No embalo, produzimos alguns suportes para os jardins, alguns estão sendo utilizados dentro de nossa própria casa. Mesmo molhados têm demonstrado certa resistência e pelo andar da carruagem podem durar anos. Trouxemos essas peças para o blog certos de que essa produção é mais uma contribuição para o ato de tirar as sobras de paletes das ruas. Martelo, uma serra e pregos, é o que precisamos para as primeiras experiências. Mais coisas feitas com pinus, veja em:.facebook.com/casacustozero .Veja, também, alguns suportes econômicos nas ilustrações abaixo.






Suporte para plantas com metade de palete

Esta peça serve, também, como escada para áreas de serviço.



sexta-feira, 15 de julho de 2016

PALETES DE PINUS: UMA PREOCUPAÇÃO A MAIS




Há cerca de 15 anos, venho acompanhando a chegada dos paletes de pinus ao mercado que funcionam como uma espécie de suporte descartável para auxiliar no carregamento dos caminhões a partir da profusão das empilhadeiras mecânicas. À medida que o homem foi sendo substituído pela máquina, mais paletes foram sendo construídos, primeiro com pinho e madeiras mais nobres, depois com o pinus europeu e canadense. O problema reside no fato de o pinus ser uma árvore agressiva e exótica capaz de eliminar as espécies nativas, especialmente as que ainda resistem na Mata Atlântica. A coisa está ficando tão feia que alguns estados do sul já estão montando brigadas para combater as árvores que nascem sem permissão. A Lagoa dos Patos está cheia das indesejadas e alguns já dão a batalha como perdida tamanha é a facilidade de reprodução desses arbustos. Pensando nisso e na sujeira que fica pelas calçadas resolvemos construir nossas mesas, aparadores e cadeiras com madeira de última vida oriunda dos paletes que ficam pelas calçadas e ao mesmo tempo dizer para as pessoas aquela madeira de terceira categoria quando bem tratada dura muito tempo. O problema maior é o fato de que a indústria dos móveis em série não pensa da mesma forma e fazem móveis muito baratos para que eles se deteriorem muito rápido forçando nova compra; e precisam de novas árvores e assim sucessivamente.O pinus, que fez a fortuna de muita gente, agora precisa ser controlado. Vejamos algumas peças feitas com paletes de pinus. Veja mais em: eugenio-cincodejunho.blogspot.com.br/pinus monocultura da vez.

 Primeiro processo:limpeza





Cadeira de Jardim




Banco Jacaré: pinus e imbuia.





Construção de um aparador: pinus de paletes

E SE CADA UM CUIDASSE DE SEU LIXO?



Quando eu era pequeno, ia sempre à casa de um tio querido que morava em Vigário Geral e quase sempre o encontrava tirando lixo da vala; e levando para dentro do quintal. Aquilo me intrigava e um dia eu lhe perguntei qual era a razão daquele exaustivo trabalho. Ele me disse que não jogava lixo fora e ainda tirava os entulhos que entupiam a vala por onde passavam os dejetos. E mais: uma parte da areia que foi usada na construção de sua casa também foi tirada dessa mesma vala. Tudo que sobrava de sua casa ia para um espaço parecido com um biodigestor ou composteira... Saiba mais sobre composteira vendo em:http://minhacasaminhacara.com.br/composteira-como-usar/

Imagem WEB ... A coisa funcionava mais ou menos assim.

...e lá tudo era consumido pelos micro-organismos até se transformar em adubo para as plantas que cultivava. Foi com ele que aprendi a não jogar fora os meus objetos e mais tarde, já me profissionalizando, a somente utilizar madeira de última vida. Poucas foram as peças que comprei nas serrarias e hoje toda madeira que uso é recolhida das ruas. Tenho uma ligeira impressão de que o mundo tem madeira cortada para abastecer várias gerações. Na Alemanha, há anos funciona o dia do lixo doação no qual as pessoas colocam fora as coisas que outros podem pegar e agora com ajuda da internet vários sites fazem as trocas de objetos para ajudar àqueles que não possuem muito dinheiro para gastar, e pasmem: até carros são doados com a ajuda desses programas virtuais. Nas fotos abaixo, peças de nossa coleção " encontrados na rua". Veja mais em eugenio-cincodejunho.blogspot.com.br/e se cada um cuidasse do seu lixo.


Móvel para cozinha pé de palito encontrado nas ruas e restaurado.



Antigo porta calças, agora porta objetos de cozinha



 Velha cadeira romântica, década de 1940.

 Poltrona estilo Bergère, data de construção imprecisa.











Poltrona Bergère adaptada, década de 1960.

Vejam também:
Por que casacustozero?.

Objetos encontrados/Arte perdida nas ruas

Diferentes objetos feitos para sentar.

terça-feira, 12 de julho de 2016

JOGOS DE TABULEIRO E DE TERREIRO




Os jogos de tabuleiros foram, um dia, jogos de terreiro. No princípio, quando o homem sedentarizou-se, as crianças passaram a fazer a festa e a história registra que seus primeiros traços foram no chão como a imitar o traço de seus pais nas paredes das cavernas. Muito tempo mais tarde com a descoberta das estratégias que dariam origem ao número começaram a aparecer o que poderíamos chamar de jogos de tabuleiros. As crianças faziam riscos nas pedras e exercitavam o espírito criativo fazendo perguntas para que fossem respondidas sobre as interessantes linhas. Mais tardes essas linhas foram trazidas para uma base de pedra lisa e o jogo ficou mais animado. A base seguinte foi mesmo a madeira bruta e polida e com a chegada do papel e da escrita tudo pode ser difundido com mais facilidade. Aprendemos que a maioria desses jogos começaram mesmo nos terreiros africanos e asiáticos e como fruto da capacidade de produzir essas formas de cultura, Egito e Grécia acabaram responsáveis por uma infinidade de jogos que chegaram à dama e ao xadrez adaptados para modernidade já em terras europeias. Hoje são tantos os jogos que já não podemos mais falar que determinado continente seja responsável pelos jogos que chegam às casas e às escolas, mas tem-se a impressão de que no Brasil essa forma de jogo tem dificuldade de misturar-se à produção acadêmica. De qualquer forma, jogos como velha, quarto e mancala, entram gradativamente nos espaços pedagógicos para a felicidade do alunado. Vejamos alguns tabuleiros produzidos pelo Madeira de Rua. Voltamos a lembrar que, para a feitura desses tabuleiros, nenhuma nova árvore foi cortada. Veja mais em: eugenio-cincodejunho.blogspot.com.br/as-virtudes-do-jogo.




HOBBES





JOGO DA VELHA

MUTORERE
SHISIMA

A CRIAÇÃO DO OBJETO QUE VEM DO LIXO



Quase sempre temos o desejo de nos incorporar ao exército de militantes que trabalham para o bem da natureza, muitas vezes por toda a vida. São aqueles e aquelas que dedicam-se a reutilizar materiais como o pinus dos paletes, a febre de agora. Seguindo esse mesmo desejo, não paramos de olhar para as garrafas pet jogadas nos rios, mares e baias, procurando dar a elas uma função decorativa ou utilitária. Recentemente pensamos em fazer umas flores, mas sem a preocupação de produzir um objeto finalizado. Cortamos umas 20 garrafas e utilizamos a parte de baixo para o vaso e a de cima para a flor. Depois pintamos com tinta plástica estragada, apenas para ver se, mais a frente, esse produto poderia ganhar as salas e quartos das residências, não as produzidas por nós, mas as que podem sair das mãos habilidosas e pacientes dos milhares de artesãos processadores do plástico que embalam os refrigerantes e mais de milhão de produtos; e que também enchem de preocupação a humanidade afogada em vasilhames poluidores. Vejamos como foi realizado o estudo do objeto. Depois cada um pode se dedicar aos acabamentos necessários. Mãos à obra! Tema semelhante você pode ver em: http://eugenio-cincodejunho.blogspot.com.br/estetica-do-descartavel-no-seculo-xx.












CERÂMICAS: DAS RUAS E AUTORAIS



Os potes e vasos de cerâmica atravessam o tempo fazendo a alegria do olhar que converge para a decoração das casas de homens e mulheres. Quase sempre passam despercebidas, mas elas estão sempre lá, de vez em quando escondidas em ramagens, servindo de filtro para purificação da água. Mas é na construção das casas que o material cerâmico ainda ocupa os maiores espaços. A indústria há anos vem procurando um substituto, mas as propriedades térmicas do material mantém tijolos e derivados na ordem do dia quando o assunto é a construção da casa homem. São tantas as aplicações das argilas queimadas que muitas vezes não conseguimos identificar a presença da matéria prima que começou a ser utilizada, possivelmente, na idade do fogo quando os homens perceberam que o calor endurecia a argila. De simples vasilhame para guarda de materiais garantidores da subsistência, a cerâmica ganhou espaço nos motores dos automóveis e no revestimento das naves espaciais como material protetor e resistente ao atrito da volta das naves loucas à atmosfera. Mas para o olhar do artista o que interessa mesmo é a forma, muitas vezes parecidas com o corpo da mulher. O pote é em essência um corpo de mulher e os egípcios perceberam isso há milhares de anos. Depois foram os gregos que cultivaram a beleza das bilhas e das ânforas para a civilização medieval, moderna e contemporânea. Ver mais cerâmicas em: www.coresdaterra.com.br














Selma Abdon Calheira









Autor desconhecido: potes cerâmicos



Selma Calheira: cerâmica colorida por processo de carbonização.


Cerâmica indígena: urna mortuária

segunda-feira, 11 de julho de 2016

A CADEIRA COMO OBJETO DE ARTE




Irmãos Campana


Para além da necessidade de sentar o homem criador vê a cadeira também como objeto decorativo, assim como as mesas com os seus pés exóticos e orgânicos, mas é a cadeira que inspira o traço daqueles que passam a vida à procura da perfeição ou no mínimo do bom desenho. A forma da cadeira é por excelência, e como queria Duchamp, a forma do objeto de arte. Não são poucos os criadores de espaços que se utilizam delas para que sejam colocadas em paredes e tetos como verdadeiras relíquias do mobiliário, fazendo com que elas tenham outras finalidades na remodelação dos espaços que serão bares, restaurantes, estúdios e casas de bailes. No Brasil, dois interessantes desenhistas, os Irmãos Campana, encarnam a melhor exemplo do que estamos tentando explicitar neste trabalho. Na parte superior um de seus trabalhos e, na parte de baixo, uma síntese do trabalho do Madeira de Rua em três exemplos feitos a partir da madeira que encontramos nas ruas. Tema semelhante você pode ver em: outras-cadeiras.

Cadeiras remontadas pintadas em vermelho e preto

Cadeira Alta de madeira reaproveitada.

Salvas do lixo com esmalte amarelo.